ESTUDANDO A MEDIUNIDADE – MARTINS PERALVA – 14

Padrão

Educação mediunica

PREPARAR PARA SERVIR. O médium candidato a servir na caridade espiritual precisa, antes de iniciar o seu desenvolvimento, verificar a sua própria condição de colaborar. Assim como não se pede a pessoa enferma que trabalhe sem ter condições, o médium pode ter tomado conhecimento da sua mediunidade através de uma obsessão, já que  «os templos espíritas vivem repletos de dramas comoventes, que se prendem ao passado remoto e próximo». Muitas vezes, muitas mesmo, a mediunidade é percebida porque alguém com quem convivemos no passado se aproxima de nós. Essa relação anterior pode estar eivada de ressentimentos, de cobranças, de acusações, de agressões. No capítulo de hoje, o autor destaca e comenta um caso desses. Assim, é de todo recomendável que antes de iniciar-se no trabalho de desenvolvimento mediúnico, o médium seja alvo de diagnóstico da sua situação e tratamento adequado de eventuais obsessões de que possa estar sendo vítima. Resolvido isso, então ele poderá mais seguramente aprimorar os recursos de que dispõe na atual encarnação para auxiliar o próximo colaborando com o plano espiritual

14 DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO
O capítulo «Sonambulismo torturado», que nos forneceu ensejo ao estudo
do vampirismo, é rico em observações relativas aos variados processos de
resgates, os quais se expressam no mundo à maneira de complexos distúrbios
mediúnicos.
Fixemos o gráfico-base da análise do assunto:

PROTAGONISTAS = Devedores diretos, Devedores Indiretos (cúmplices).
PROCESSOS DE AUXÍLIO = Magnéticos, Verbais, (doutrinação fraterna,
vibracionais (prece e concentração).
BENEFÍCIOS DISPENSADOS PELO AMPARO DOS CENTROS = O
perseguidor sentirá a necessidade de perdoar, para melhorar-se.

O devedor direto será compelido a fortalecer-se e perdoando, recuperar-se. O devedor
indireto sentirá a necessidade da meditação, da calma, da paciência e da
cooperação, para, reajustando-se, ter paz e felicidade.
As personagens são dois encarnados: uma jovem senhora e o seu esposo,
e o desencarnado, pai adotivo da moça, no passado foi por ela envenenado a
mando do atual marido.
Três almas comprometidas com a Lei, em redentora provação.
Três corações entrelaçados por vínculos sombrios, pedindo compreensão,
amor e tolerância.
A moça, como devedora direta, porque autora do envenenamento do
próprio benfeitor.
O atual esposo, como devedor indireto, inspirador do extermínio, a fim de
apossar-se da fortuna material.
E o desencarnado, ainda desajustado, incapaz de compreender os
benefícios que o perdão sincero lhe proporcionaria, além de abrir-lhe a rota
para o crescimento espiritual, na direção da Luz.
Trata-se, sem dúvida, de complexo drama, onde o cúmplice de ontem
recebe hoje, na condição de esposa, a noiva do passado. por ele convertida
em criminosa vulgar, a fim de ajudá-la a reajustar-se, curando a desarmonia
que a sua ambição lhe gerou na mente invigilante.
A Lei — esta Lei cujo mecanismo ainda ignoramos quase que totalmente —
incumbiu-se de promover o reencontro das três almas necessitadas de carinho.
Certa vez ouvimos um confrade afirmar que nós, os espíritas, somos os
«milionários da felicidade».
Quanta verdade nesta afirmativa!
Efetivamente somos «milionários da felicIdade» porque o nosso Espírito se
enriquece, incessantemente, de novos conhecimentos que a Espiritualidade
bondosamente nos revela, através da psicografia ostensiva e da pena inspirada
dos escritores-sensitivos.
O Espiritismo nos ensina que a maioria dos lares terrestres se constitui de
casamentos provacionais.
Antigos desafetos que se reúnem, respirando no mesmo teto, para a
dissipação do rancor.
Almas que, interpretando defeituosamente as legítimas noções do Amor, se
acumpliciaram no pretérito.
Diminuto o número de casais reunidos por superiores afinidades.
Vejamos como o Assistente Áulus descreve o reencontro, na atual
reencarnação, das personagens daquele drama selado com o sangue do pai
adotivo da irmã que, na atualidade, se encontra a braços com a mediunidade
torturada:
“Decerto nosso companheiro na atualidade não se sente feliz.
Recapitulando a antiga fome de sensações, abeirou-se da mulher que
desposou, procurando instintivamente a sócia de aventura passional do
pretérito, mas encontrou a irmã doente que o obriga a meditar e a sofrer.”
Têm razão os benfeitores espirituais quando asseguram que «os templos
espíritas vivem repletos de dramas comoventes, que se prendem ao passado
remoto e próximo».
E por viverem repletos de tais dramas é que se impõe a todos,
imprescindivelmente, a necessidade do estudo metódico e sério, a fim de que,
casos que reclamam, simplesmente, amorosa ajuda a vítimas e verdugos, não
sejam lastimàvelmente confundidos com «mediunidade a desenvolver».
O caso em tela é um desses.
Uma casa espírita menos avisada iniciaria logo, com prejuízos para a irmã
doente, o seu prematuro desenvolvimento mediúnico.
Um grupo consciente, como o visitado pelos irmãos André Luiz e Hilário,
cuidaria, antes de tudo, de curá-la e ao perseguidor.
“É uma médium em aflitivo processo de reajustamento. É provável se
demore ainda alguns anos na condição de doente necessitada de carinho e de
amor.”
E, completando o informe, com valiosa advertência aos dirigentes:
«Desse modo, por enquanto é um instrumento para a criação de paciência
e boa vontade no grupo de trabalhadores que visitamos, mas sem qualquer
perspectiva de produção imediata, no campo do auxílio, de vez que se revela
extremamente necessitada de concurso fraterno. »
Deduz-se, assim, que toda pessoa que procura os centros espíritas,
assinalada por complicados distúrbios mediúnicos, não deve ser levada de
imediato, sistemàticamente, à mesa do desenvolvimento.
Antes de tudo a ajuda fraterna, com o esforço pelo reajustamento.
Depois, sim, servir ao Bem, com a mente harmonizada e o coração
guardando, como sublime tesouro, aquela paz e aquele anseio de auxiliar o
próximo.
Um pormenor que não pode deixar de ser mencionado é o das
consequências advindas do aborto provocado por aquela irmã, quando a vítima
do passado, o próprio pai adotivo assassinado, tentou o renascimento.
Tivesse ela assumido a responsabilidade maternal ao primeiro tentame, e
não teria passado por tão cruéis sofrimentos.
É por isso que proclamamos, alto e bom som: somos, efetivamente,
«milionários da felicidade».
Jamais alguém conceituou os Espíritas com tamanha exatidão.
«Milionários da felicidade»!
Nenhuma mulher espírita terá coragem de promover um aborto. E, se o
fizer, pobrezinha dela!
A Doutrina Espírita preceitua que o aborto é um crime horripilante, tão
condenável quanto o em que se elimina a existência de um adulto.
Conhecesse aquela irmã o Espiritismo e tê-lo-ia evitado, fugindo-lhe, assim,
às desastrosas consequências.
A misericórdia divina, entretanto, se compadece infinitamente de todos nós.
Via de regra, é através de acerbas provações que o Espírito humano,
redimindo-se, reparando os erros, destruindo sinais de ódio e de sangue, inicia,
esperançoso, a sublime caminhada para o Monte da Sublimação.
Acolhidos, inicialmente, em um núcleo cristão, o verdugo, a vítima e o
cúmplice serão beneficiados.
Através de passes magnéticos, da doutrinação verbal amorosa e das
vibrações dos componentes do grupo, receberão os três as claridades
prenunciadoras da reconciliação, quando, então, o verdugo reingressará “nas
correntes da vida física», reencarnando na condição de filhinho querido
daqueles que, ontem, enceguecidos pela avareza, lhe cortaram
impiedosamente o fio da existência…
Com a palavra, mais uma vez, o Assistente Áulus:
«Noite a noite, de reunião em reunião, na intimidade da prece e dos
apontamentos edificantes, o trio de almas renovar-se-á pouco a pouco.»
O perseguidor sentirá a necessidade de perdoar, único caminho para
alcançar a indispensável melhoria…
A vítima, devedora direta, sentirá a necessidade de fortalecer-se e,
perdoando, recuperar-se a fim de, com Jesus, oferecer mais adiante a sua
mediunidade aos serviços assistenciais..
E o esposo, devedor indireto, autor intelectual do crime, será compelido à
meditação, à calma e à paciência, a fim de que, acertando as suas contas,
tenha paz e felicidade…

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